Confira a entrevista da Engimplan com o Dr. Eduardo Santana, um dos primeiros a utilizar uma prótese da Engimplan.
O profissional vem atuando na área desde 1991: começou sua carreira realizando cirurgia ortognática e, hoje em dia, realiza quase todos os segmentos da cirurgia bucomaxilofacial, além de ser professor na Universidade de São Paulo (USP).
A respeito do uso de solução para procedimento bucomaxilofacial e craniomaxilofacial, há quanto tempo o senhor trabalha com soluções Standard?
Doutor: Eu comecei a trabalhar com placas e parafusos no mesmo ano que começaram a ser fabricados no Brasil, e sempre foram Standard, nunca personalizados. Eu acredito que as placas e parafusos Standard cumprem bem o papel. Acredito piamente que têm muitas coisas para serem desenvolvidas na área de órtese e prótese dentro da cirurgia bucomaxilofacial e craniomaxilofacial, e acredito muito na customização, mas creio também que algumas customizações que estão aparecendo, não vão vingar.
Então o senhor acredita que o caminho, agora, seria uma customização muito específica?
Doutor: Sim, para algumas coisas específicas. Por exemplo, na prótese de ATM eu acredito nas customizações de reconstrução de rebordes inferiores e superiores, e acredito também que algum tipo de customização quando você tem pacientes sindrômicos ou muito assimétricos, é bastante importante. Mas, no dia a dia, eu acredito que as placas Standard são superiores.
Estamos vendo mais e mais soluções Standard diferenciadas. O que é essencial considerar, antes de escolher um produto dentre os diversos grupos de portfólio no mercado?
Doutor: É essencial considerar a qualidade primeiramente do instrumental que vai acompanhando: das chaves, dobradores, da facilidade de se trabalhar com eles, e da qualidade em si do material. No que tange ao material de estoque, obviamente: espessura, rigidez, resistência, e tudo mais, e a facilidade de se trabalhar com o material. E no material customizado, a qualidade do material, isso é de fundamental importância.
Qual é a parte desafiadora em cirurgias ortognáticas, utilizando os produtos de estoque ou Standard?
Doutor: A parte mais desafiadora é você desenvolver uma técnica para que você dobre, cada vez menos, que você molde, cada vez menos, as placas. E ir moldando ou dobrando, para que ela nunca tenha pressão ou tensão, porque se ela tiver pressão ou tensão, tira o osso fora do lugar com certeza, tanto que assim, quanto mais espessa, mais rígida. Ou uma brincadeira que eu faço com os meus alunos né: quanto melhor a placa e melhor o fabricante, mais difícil de trabalhar com ele.
Sobre a precisão dos implantes em instrumentais utilizados no procedimento, quais são os requisitos para assegurar um procedimento seguro e que dê resultado?
Doutor: Os requisitos são: você ter alicates de dobra que sejam precisos e que façam a dobra e a modelagem da placa de maneira correta. É de fundamental importância que você tenha a chaves com a pega correta do parafuso, e que o parafuso não se solte da chave, que seja fácil de você trabalhar com ele. E outra coisa, você tem que ter formatos e formas variadas de tamanhos e angulações desse material Standard, que te consiga suprir a necessidade de todas as osteotomias, isso é fundamental.
Recentemente, o senhor fez um procedimento com cirurgia ortognática com a placa S da Engimplan. Pode compartilhar a experiência ?
Doutor: Sim. Queria, inclusive, conhecer e ter a oportunidade de trabalhar com a placa S da Engimplan, porque o design dela é desafiador, e ela me parece ser uma placa que vai ajudar muitos cirurgiões que precisarem de alguma modificação. Eu fiz uma cirurgia com ela e me senti muito confortável, porque ela é uma placa que dá estabilidade, ela é uma placa fácil de trabalhar, é uma placa que você pode customizar na mão com alicates como eu customizei a minha. Não coloquei do jeito que ela vem pronta, eu customizei. Ela é fácil de dobrar e de customizar e é uma placa que eu indicaria pra qualquer osteotomia sagital de mandíbula.
O senhor pode contar um pouco pra gente como é que funciona o pós operatório na maioria dos casos similares à cirurgia de hoje ?
Doutor: Sim. A paciente de hoje, por exemplo, acabou a cirurgia agora, ela vai pro quarto daqui a alguns minutos, e hoje ela fica com dieta líquida e gelo na face à noite. A partir de amanhã, eu já libero para ela começar a se alimentar com pasta, purê e suco. Eu seguro o paciente uns dois ou três dias nessa pasta e já libero para comer comida sólida (arroz, feijão, carne moída, frango desfiado), ou seja, no final da semana ela já está mastigando normal.
O Doutor tem muita experiência no setor público e no setor privado também. Pode compartilhar, dentro das experiências que o senhor tem em ambos os setores, quais são os maiores desafios da sua carreira?
Doutor: Meu maior desafio da carreira é o que eu faço dentro da Universidade de São Paulo, o setor público vamos dizer assim, né. A gente trabalha no hospital do SUS, com parceria com a universidade onde meus alunos ficam, e a maior dificuldade é que hoje, infelizmente, o serviço público de saúde, muito embora muito bem estruturado (eu sei que nosso sistema único de saúde é um dos melhores do mundo, é um dos maiores e mais bem estruturados do planeta), não dá a liberdade para que meu aluno possa tratar um paciente com deformidade facial, não libera cirurgia ortognática. Então, assim, isso é uma dificuldade grande. Por outro lado, na vida privada, eu sempre tive muito sucesso. Graças a Deus, trabalho nos melhores hospitais da capital e do interior e então, assim, você tem as portas todas abertas, né. Agora, já no serviço público, infelizmente não é essa realidade.
De acordo com a visão e experiência do Doutor, como o relacionamento cirurgião-fabricante (no caso a Engimplan) pode contribuir para a realização de um procedimento cirúrgico mais seguro?
Doutor: Eu acho assim, isso inclusive é um pensamento que eu sempre tive. Eu me lembro quando a Engimplan iniciou, quando começaram a ser fabricados os parafusos. Eu sempre achei que o cirurgião tem, por obrigação, dar algum palpite na fabricação do material, porque existem coisas que o material vem fabricado por engenheiros de materiais, ou por engenheiros que fazem o design do material de síntese, órtese e prótese e que, às vezes, o cirurgião sente no dia a dia que ele precisa ser redefinido em alguma coisa ou refinado. Então assim, eu não consigo ter a hipótese de uma empresa que trabalha com material médico ou de síntese cirúrgica, que não tenha pelo menos um ou dois cirurgiões prestando uma ajuda para a melhoria do material.
Qual é o momento mais gratificante em toda a sua trajetória como cirurgião?
Doutor: Meu momento mais gratificante é depois que eu adquiri maturidade, e a gente adquire isso, quer o cirurgião queira ou não, com pelo menos vinte anos de experiência. Eu digo para os meus alunos: depois dos três mil casos operados você começa a ter mais maturidade e, para operar sem angústia, sem ansiedade, operar com calma e ter os melhores resultados possíveis, com certeza absoluta é depois que você tem maturidade fazendo a cirurgia.
Tem alguma situação em todos esses seus anos de carreira que foi mais incomum, ou o senhor já viu praticamente de tudo?
Doutor: Nunca a gente pode dizer que já viu tudo, eu não posso dizer que eu já vi de tudo em hipótese alguma, mas eu já vi muita coisa diferente dentro das cirurgias ortognáticas, né? E com mais de 4 mil pacientes operados, já vi bastante.
O senhor pode comentar um que mais se destacou, que foi o mais desafiador?
Doutor: Sim, um paciente nosso com síndrome, que está publicado em uma revista internacional inclusive, que eu coloquei uma prótese bilateral de ATM da Engimplan, e ele tinha uma síndrome raríssima, que formavam umas bolas de osso por cima do crânio, vindo da mandíbula. Foi assim uma cirurgia dificílima: foi difícil fazer a traqueostomia, foi difícil pra entubar, ele teve um sangramento importante, ele tinha artérias fora do lugar. Foi uma cirurgia bem difícil.
Que conselhos você daria aos cirurgiões que estão iniciando carreira?
Doutor: O conselho que eu dou para todos eles é que não sejam afoitos, que comecem devagar e sempre guiados pelo professor. As primeiras cirurgias, iniciar sempre com um professor junto, até que vá se desligando sozinho e começando a andar sozinho pelas próprias pernas, e que nunca deixe de estudar, tem que estudar muito.
Tem uma diferença entre quem se gradua e faz residência ou especialização e pára por aí, em relação aos que seguem adiante?
Doutor: Sim, obviamente que tem e a diferença é grande. A formação, enquanto profissional, vai até ao título de especialista, e ele pode adquirir fazendo uma residência, tendo bastante experiência clínica, ou fazendo especialização. Se o aluno for bom, virou um profissional né, mas com certeza se ele levar a vida e carreira acadêmica para frente e fizer um mestrado e doutorado, ele vai se diferenciar sobre todos os aspectos. Exemplo são os meus dois alunos Letícia e Vitor, que estiveram presentes na cirurgia da Placa S. Eles eram uns antes de serem doutores, e eles são outros depois de doutores, em todos os aspectos: de seriedade, da qualidade de trabalho e da procura da ciência.