As vantagens das soluções e dispositivos personalizados
com Dr. Julio Bisinotto
A Engimplan conversou com o cirurgião bucomaxilofacial e professor universitário, Dr. Julio Bisinotto, cirurgião referência no cenário brasileiro. Na entrevista ele nos contou um pouco da sua história, suas experiências, os desafios e vantagens do uso de dispositivos personalizados, assim como detalhes de um procedimento recente que realizou com a equipe técnica da Engimplan em planejamento cirúrgico virtual.
01. Você atua na área de CMF há quantos anos? Quando e como iniciou sua carreira como cirurgião?
Eu estou na cirurgia bucomaxilofacial há 16 anos, me formei em 2004. Em 2005 já entrei na residência em cirurgia bucomaxilofacial na Santa Casa de São Paulo e terminei em 2009, quando voltei para Uberlândia, onde estou até hoje. Atuando só em cirurgia bucomaxilofacial, já são 16 anos, considerando a residência.
02. O doutor teve experiências tanto com soluções standard (estoque) e personalizadas. Na sua opinião, quais são as principais vantagens de uma abordagem personalizada?
Já tive experiências tanto com próteses de estoque, como também próteses customizadas. Na minha opinião, a grande vantagem que se tem em usar uma prótese customizada é a adaptação desse material no leito receptor, considerando que essa prótese foi confeccionada para aquele paciente e não precisa ser modelada, então você tem menos estresse no metal, menos fadiga, menor risco de fratura no material e menor risco de falha.
Lembrando que quando você substitui uma articulação que não está saudável de um paciente por uma prótese, a intenção é que a prótese dure por anos sem necessitar de substituição. E ainda temos outras grandes vantagens, como diminuição de tempo cirúrgico, menor perda sanguínea e menores riscos de infeção.
03. A respeito do uso de dispositivos personalizados, qual a parte mais desafiadora?
Sem dúvida nenhuma, o planejamento na fase pré-operatória! Definir o tamanho dos componentes a serem impressos na impressora 3D e imaginar esse material que está sendo desenvolvido na hora da cirurgia, porque o computador aceita tudo, conseguimos fazer vários tipos de planejamento, no entanto, nem tudo é fácil de ser reproduzido na boca ou no ato cirúrgico, então a fase do planejamento é a mais desafiadora.
04. Nos últimos anos, vemos cada vez mais soluções personalizadas no mercado. O que é essencial considerar antes de escolher uma solução?
É importante considerar a confiança no material, então é fundamental indicar um material que seja confiável, uma empresa sólida, que tenha know-how para trabalhar com o material customizado, uma equipe de engenharia para dar suporte ao cirurgião, que trabalhe com materiais de qualidade.
05. Recentemente o doutor realizou, junto com a equipe técnica da Engimplan, o planejamento cirúrgico virtual: Artroplastia de ATM unilateral esquerda com guias personalizados e prótese de ATM personalizada. Quais foram os principais desafios para criar um PCV adequado ao caso?
Operamos uma paciente que já havia sido operada outras duas vezes na articulação temporomandibular do lado esquerdo, já tendo um processo de fibrose, uma remodelação muito grande da cabeça da mandíbula do lado comprometido, então tudo isso já torna o caso mais desafiador. Sem dúvida nenhuma, quando você tem uma boa equipe de engenharia trabalhando de forma fácil e integrada com o cirurgião, a cirurgia vai ocorrer de forma tranquila e previsível.
Acredito que o principal desafio é o controle do paciente, controlar as expectativas que ele tem sobre o material, porque com relação à integração com a engenharia da Engimplan, foi tudo fantástico, não tivemos problema nenhum, pelo contrário, as soluções foram saindo de uma forma muito legal.
06. E quanto à precisão dos dispositivos utilizados no planejamento e no procedimento cirúrgico? Você pode confiar nos resultados desde o início?
Sem dúvidas, se você seguir o que foi proposto pelo planejamento, o resultado cirúrgico vai ser alcançado. Por isso é importante trabalhar no pré-operatório e na hora planejamento, sabendo o que é possível ser feito na hora da cirurgia, caso contrário, não vamos ter um bom resultado.
07. Conte-nos, como foi o procedimento cirúrgico e o pós-operatório deste caso?
O procedimento cirúrgico foi rápido, uma cirurgia de, aproximadamente, 3h30, sem intercorrência nenhuma. A paciente evoluiu super bem no pós-cirúrgico, no primeiro dia do pós-operatório ela já estava com uma oclusão melhor do que das outras cirurgias que ela foi submetida. Hoje, após 90 dias da cirurgia, a paciente está com abertura de boca próxima ao normal, movimentos mandibulares próximos ao adequado e realizando fisioterapia. Mantemos a fisioterapia pelos próximos 6 meses, mas ela está super bem e satisfeita com o resultado obtido.
08. Que conselho você daria aos cirurgiões que estão pensando em usar soluções personalizadas?
Além de dominar a técnica cirúrgica, o cirurgião que vai trabalhar com soluções personalizadas e planejamento virtual deve ter uma boa integração com a equipe de engenharia, para entender e usar todas as possibilidades e ferramentas que o software pode oferecer.
Quando você domina o virtual, a cirurgia real vai ser bem mais tranquila e mais precisa.